Dino ataca de novo e manda investigar deputado federal e ex-prefeito de Arari por irregularidades em emendas de R$ 1,2 milhão.
A semana política no Maranhão começou quente, depois da reportagem publicada neste domingo (12) pelo jornal O Globo, que revelou que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de investigação contra o ex-prefeito de Arari, Rui Filho, e o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) por suspeitas de irregularidades no uso de R$ 1,25 milhão em emendas Pix destinadas à recuperação de estradas vicinais do município.
O caso ganhou destaque após a prefeita Maria Alves Muniz (MDB) denunciar o desaparecimento dos recursos transferidos à cidade em agosto de 2023. Segundo a gestora, “esse valor simplesmente desapareceu” e nenhuma obra foi executada. Os recursos haviam sido indicados por Pedro Lucas, que atribuiu a responsabilidade pela aplicação ao então prefeito Rui Filho, seu aliado político.
De acordo com documentos obtidos pelo Globo, o valor repassado à prefeitura de Arari foi transferido para outras quatro contas do próprio município, o que dificultou o rastreamento dos pagamentos. Uma planilha enviada por Rui Filho à Controladoria-Geral da União (CGU) aponta repasses a 11 empresas, entre elas um lava-jato, um posto de combustível e uma loja de artigos esportivos registrada em nome de uma beneficiária do Bolsa Família, que nega ter recebido qualquer valor.
O ex-prefeito afirma ter utilizado os recursos para custeio da administração, citando despesas com transporte de lixo, medicamentos e folha de pagamento, mas não apresentou comprovação das obras. A justificativa se apoia em um decreto de emergência emitido após enchentes em 2023, embora o uso das verbas tenha ocorrido meses depois, quando a situação climática já estava normalizada. Pela Constituição, emendas parlamentares não podem ser usadas para pagamento de salários.
As investigações sobre o caso de Arari integram o pente-fino ordenado por Flávio Dino nas chamadas emendas Pix, transferências diretas da União a municípios, sem necessidade de projeto detalhado nem intermediação do governo federal. O ministro determinou o bloqueio de repasses e exigiu maior transparência no uso dos recursos, após identificar práticas consideradas semelhantes a mecanismos de lavagem de dinheiro em pelo menos 20 municípios.
Com informações do portal Marrapá e Mário Carvalho.